Os discursos que são ressaltados por José Eli da Veiga em ‘Aquecimento Global: Frias Contendas’ dividem-se entre o ‘catastrofismo esclarecido’ e o dos céticos: o do aquecimento global provocado por atividades humanas e o das glaciações, resfriamento mais determinado por radiações do que por ações do homem. Identifica-se uma impossibilidade de compreender esses dois discursos em oposição, se compreendermos que ambos possuem um caráter messiânico, e se observarmos que o processo histórico e político-econômico ocidental é determinado por uma cultura judaico-cristã:
[1] em termos científicos, numa abordagem ‘cética’, de um lado, a própria vida é uma contingência que poderia muito bem não ter acontecido; e o próprio homem é só um resultado improvável da vida biológica, segundo Jacques Monod em “O Acaso e a Necessidade”; de outro lado, quando os ecologistas mais frenéticos, ‘catastrofistas’ gritam, agitam-se, de acordo com Bruno Latour em “Políticas da Natureza”: ‘a natureza vai morrer’ eles não sabem em que ponto têm razão. Graças a Deus e da morte do homem, será preciso que a natureza, ela também, acabe por ceder. Já era tempo: logo mais não se poderá fazer política totalmente’ – os ocidentais não foram interessados na natureza, mas transformam a natureza num grande negócio;
[2] nos países pobres surge o caudilhismo salvador e a politização, como no caso brasileiro, do voto evangélico no Brasil, são expressões do possibilismo. O padrão do voto de filiação religiosa – ‘cada igreja evangélica é um elemento de multiplicação, cada membro da igreja é um militante da fé e da sua propagação. O candidato que professa a sua fé é, para Iná Elias de Castro em “Geografia e Política”, um representante legítimo dos seus interesses; os movimentos de base e as redes de movimentos (novos movimentos sociais) desde seus primeiros anos de existência, não resta dúvida, tiveram suas raízes na Teologia da Libertação – movimentos sociais rurais e o meio ambiente, lutas de classes e nacional-populares, ecopacifistas e feministas. Forças sociais e políticas, ancoradas em perspectivas religiosas, católicas, desenvolvidas no Brasil a partir do declínio do regime militar e atualmente alcançaram perspectivas mais autônomas e não menos revolucionárias.
[2] esse desequilíbrio climático que envolve eventos ou fenômenos meteorológicos naturais (furacões, tornados, etc.) e ilhas de calor[1] (temporais, chuvas ácidas, vapor d’água como principal gás do efeito estufa) estão ligados ao que se denomina ‘guerra da água’[2]? Se a política econômica é a continuação da guerra por outros meios[3], o que fazer com a guerra das águas e as mudanças climáticas, antes que o céu desabe sobre nossas cabeças?
[3] Trata-se de abordar essa economia-política predatória em relação às mudanças climáticas entre o capitalismo financeiro – especulativo global e o primeiro grande beneficiário e usuário do avanço tecnológico da microeletrônica aplicada às telecomunicações, que se desterritorializa e pressiona para o fim barreiras alfandegárias, tipo de capitalismo que se assemelha à ‘dívida infinita’ do deus-déspota[4]; e o capitalismo produtivo – ao contrário, possui vinculação com o território, as possibilidades abertas pela tecnologia e pela organização flexível ampliaram enormemente as escolhas para a localização da produção, perspectiva que define o capitalismo e a esquizofrenia como limite[5].
Nas primeiras décadas do século XX Guido Mantega definiu, em “A Economia Política Brasileira”, as forças sociais que ganhavam projeções na esteira da expansão urbano-industrial e configuraram a acumulação industrial em bases nacionais, carente de proteção da concorrência externa de infra-estrutura, insumos, enfim, de uma maior intervenção estatal. Em 1941, foi criada uma importante no Sudeste – estratégia de dotar importante indústria de base, conforme Jurandyr L. S. Ross em “Geografia do Brasil”, assim destaca-se que a modernização do país iniciada sob o regime de Getúlio Vargas facilitou a concentração econômica e espacial, mas anteriormente a produção e a distribuição de energia, até o início do século XX circunscreviam-se aos centros urbanos: é o caso de Minas Gerais, como Marmelos I e II (Juiz de Fora), conforme observaram Milton Santos e María L. Silveira em “O Brasil: Território e Sociedade no início do século XXI”: o processo de substituição de energia térmica por hidrelétrica, por causa de forte demanda energética no Sudeste e no Sul. O estado de Minas Gerais foi precursor na instalação de usinas hidrelétricas, a industrialização acentuada leva à construção de uma constelação de usinas em todas as regiões do país, que passam de 1.208 (1930) para 1.883 (1940), a ampliação dessas redes de infra-estrutura implicou igualmente a constituição de empresas com estratégias em escala industrial[6].
No Atlântico Norte, a maioria dos furacões ocorre durante os meses de agosto, setembro e outubro quando as águas do oceano estão mais aquecidas naquela parte do globo. Os furacões que chegam até os EUA e Caribe são gerados no Atlântico Norte entre as latitudes de 10° Norte a 30°, conforme Artur G. Ferreira em “Meteorologia Prática”. Isto se explica porque nos Estados Unidos, a predominância do capitalismo financeiro e sucessivas crises econômicas no século XXI, primeira década, permite-nos perceber um discurso unilateral, cético, sobre as mudanças climáticas: W. Bush se recusou a participar de alguns acordos internacionais sobre o meio ambiente e os cortes e custos sobre as emissões de carbono, por exemplo. Na primeira década do século XXI, regiões temperadas, subtropicais, como no Brasil e nos Estados Unidos, houve uma diferença de gestão econômica, no primeiro caso, um capital produtivo agrário e industrial[7], no segundo, uma onicrise[8] financeira (o capital fictício) das dot.com às hipotecas[9], além de subsídios à agricultura, como protecionismo à exportação de produtos agrícolas, o que nos permite verificar um caos climático mais evidente do que um tempo regido por leis naturais. Identificar, portanto, as questões climáticas determinadas pela natureza (ciclones, tufões, furacões, etc.) nos dois caos parece óbvio, bem menos intensos no sul do Brasil que nos constantes estragos catastróficos nos EUA. Esta diferença pode ser demarcada pela transferência do capital produtivo para a periferia e pela centralização financeira nos Estados Unidos? O que um aquecimento da economia produtiva nos EUA poderia provocar em termos de alteração climática, por e a partir de intervenções humanas?
No Brasil, o debate é dual, há tanto céticos quanto intervencionistas[10], sob uma política econômica produtiva e financeira nacional. Entre céticos e messiânicos, os discursos da natureza se opõe ao que se refere às questões climáticas, mas pode-se enfatizar que a política brasileira não deixa de ser messiânica, com suas determinações judaicas, cristãs e evangélicas. Questiona-se sobre a oposição ou bipolaridade dos discursos, que se opõem sobre as mudanças climáticas, entre céticos e messiânicos, se pode haver uma estratégia que os unam através da esquizofrenia e paranóia na loucura ou saúde mental. As mesmas leis físicas sobre a natureza são as que regem as intervenções antrópicas e as propostas céticas[11]? Este discurso bipolar era comum no período da guerra fria, opositor e dialético, onde o mundo era dividido entre capitalistas e socialistas. Após sucessivas crises econômicas este universo político ruiu, assim como esses sistemas socioeconômicos. No entanto, atualmente, os países se distinguem entre países centrais em crise econômica e países emergentes [?] que pretendem desenvolver uma prática de Bem-Estar Social[12], que abrigam práticas políticas e econômicas entre estes dois pólos na escala nacional e não apenas entre Estados diferentes. É possível considerar o governo atual no Brasil aproximadamente ao Welfare State? Com política agro-exportadora (agronegócio) e urbano-industrial (empresas estatais e privadas), além de intervenções e regulamentações ao ponto de alcançar índices positivos e regulares na bolsa de São Paulo?
O caráter aleatório das urbanizações e das práticas produtivas, no sul-sudeste do Brasil, pode estar organizado de modo ainda ineficiente em face ao caos climático, frente alguns episódios em Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul entre 2008-2010, mesmo que não tenham sido tão intensas quanto os tornados norte-americanos. No Brasil, da primeira década do século XXI, a região sul e São Paulo, abaixo do trópico de capricórnio, com um clima subtropical do tipo do padrão norte-americano e europeu, submetido às catástrofes naturais mais intensas, por ser um local de alta pressão e sujeito a formação de furacões[13]. O que o aquecimento da economia produtiva pode fazer ao criar células de baixa pressão oceano adentro para afastar as formações de furacões[14]?
O que o capital produtivo pode se comprometer em ampliar ilhas de calor ou de frescor (rurais) para minimizar impactos naturais próprios desta região sudeste e sul no Brasil? Como os parques industriais e monoculturas agrícolas podem promover um ordenamento territorial no sudeste-sul do país uma auto-organização coerente, menos impactante em termos climáticos e da emissão de poluentes em relação às áreas de baixa pressão e de alta pressão, nas oscilações térmicas em zonas formadoras de convecções atmosféricas e oceânicas? É possível pensar numa auto-organização no caos climático brasileiro, urbano e industrial? Numa escala mais aproximada, observando às ilhas de calor e o efeito estufa há regiões que não nos apresentam uma condição ótima para a evolução da vida, cujo estado de não-equilíbrio (térmico e químico) não seja capaz de garantir essas condições, conforme Fritjof Capra em “O Ponto de Mutação”. Considerar a auto-organização como uma observação de leis no caos é perceber o aquecimento local, as regiões mais devastadas por catástrofes meteorológicas e definir planos futuros para intervenções urbanas nessas ilhas de calor. Se no Brasil há uma estrutura econômica agrária e ao mesmo tempo urbano-industrial[15], não resta dúvida que o território brasileiro está ordenado por ilhas de calor (cidades e parques industriais) e regiões de ‘frescor’ relativo (rurais) ao seu redor, de certo modo impactando no clima por diferenciais de temperatura e pressão, o que nos permite, por mínima que seja, identificar a relação entre clima e economia. Pensar o sul-sudeste com suas grandes metrópoles no litoral e a oeste (interior) as grandes culturas e monoculturas agrárias nos permitem definir em grande escala essas ilhas de calor.
Uma das ilhas de calor mais complexa e produtiva da América Latina, não resta dúvida, é a região metropolitana – Rio de Janeiro e São Paulo, na faixa tropical sul-americana[16] (zonas de convergências intertropicais). A relação entre a economia e a política, ou seja, o capital produtivo e o especulativo entre os períodos eleitorais (balanços e reorganizações orçamentárias entre governos de Estados e municípios) podem estar relacionada ao consumo maior ou menor de energia (elétrica e de combustíveis). Neste caso, verifica-se a questão hidrelétrica com as catástrofes meteorológicas das ilhas de calor com os períodos do El Niño. Um mais relativo à intervenção antrópica e o outro às questões naturais, apesar do El Niño designar, o ‘menino Jesus’, paradoxo messiânico? Se os períodos eleitorais são marcados de 2 em 2 anos no Brasil e entre 7 a 8 anos conforme o El Niño[17], como identificá-los ou aproximá-los dos períodos eleitorais? Períodos que não só demarcam transições entre mandatos, mas fechamentos e aberturas de capitais produtivos relacionados aos processos de crédito e endividamento público. Seguindo determinada lógica, sob a qual os fins de mandatos, os endividamentos devem necessariamente ser quitados e novos orçamentos começam a ser tramitados acompanhando as imbricações entre capital financeiro e capital produtivo. Será possível perceber um período produtivo pautado num aumento do consumo da energia elétrica[18], por exemplo, e um decréscimo deste consumo nos períodos de acertos das antigas dívidas? Segundo este parâmetro o impacto do consumo da energia elétrica e o ciclo da água[19] podem colaborar com a intensidade das ‘catástrofes’ meteorológicas nestas ilhas de calor tropical na região metropolitana (São Paulo-Rio de Janeiro)? Esta grande ilha de calor no sudeste, acrescentando a conurbação de Belo Horizonte em sua região metropolitana, está rodeada de barragens para hidrelétricas, que possuem reservatórios de água suficientes para suprir de vapor d’água sua região oeste? Ao mesmo tempo, São Paulo e Rio de Janeiro, são cercados pelo litoral atlântico que podem potencializar essas catástrofes? Pensa-se a ilha de calor como fenômeno climático ligado à poluição de GEE (gases de efeito estufa), por que não pensá-la ligada diretamente aos reservatórios, barragens que compõem o complexo industrial hidrelétrico?
[1] Sobre o efeito das ilhas de calor e da urbanização nas séries de temperatura urbanas que se verificou a partir da década de 1977 relacionado às emissões de gases de efeito estufa e aos períodos de maior intensidade devido aos fenômenos ‘naturais’ do El Niño entre 1977-1998, segundo José Eli da Veiga em “Aquecimento Global: Frias Contendas”.
[2] Em “A Globalização da Natureza e a Natureza da Globalização”, escrito por Carlos Walter Porto-Gonçalves, que analisou o argumento de que a água será a razão das guerras futuras, o que nos coloca numa guerra mundial envolvendo a água – guerra pelo controle e gestão da água vem sendo disputada na Organização Mundial do Comércio, no Forum Econômico de Davos, nas reuniões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional onde se decide um novo ‘código das águas’ que quer torná-la uma mercadoria e privar os homens e mulheres comuns do acesso a ela.
[3] Michel Foucault em seu livro “Em Defesa da Sociedade” inverteu o aforismo de Clausewitz ‘a guerra é a continuação da política por outros meios’ para ‘a política é a continuação da guerra por outros meios’, em que a guerra tornou-se um analisador de poder, quando se tratava de repensar as guerras do século XIX para o paradigma das guerras do século XX, em que a luta de raças orientou a política imperialista e colonizadora e, sobretudo a nazista.
[4] Jacques Le Goff escreveu no livro “Em Busca da Idade Média” o surgimento do mercador-banqueiro.
[5] Max Weber em “A Ética Protestante no Espírito do Capitalismo”, entre outras abordagens, definiu como o trabalhador capitalista precisou desenvolver uma ascética propícia para esse regime.
[6] Cf.: Gisela A. Pires do Rio em “Gestão de Águas: um Desafio Geoinstitucional”.
[7] Guido Mantega em “A Economia Política Brasileira” demonstrou o desenvolvimento da economia agrário-exportadora e da urbano-industrial, que teve a década de 1930 como um ponto de transição.
[8] Em “Post-Scriptum: Sobre as Sociedades de Controle”, Gilles Deleuze escreveu sobre o caráter das crises financeiras e da onicrise, crise econômica generalizada do capitalismo financeiro típico destas sociedades que sucedem as sociedades disciplinares de Michel Foucault.
[9] O colapso econômico de alta tecnologia das empresas ‘virtuais’ (1999), relevando que o que se passava por capital financeiro era capital fictício, irresgatável, sustentado por práticas contábeis desprovidas de suporte material, segundo análises de David Harvey em “O Novo Imperialismo”. Instituições estatais e financeiras têm o poder de oferecer e gerar crédito e criam assim o ‘capital fictício’. O colapso da tão celebrada ‘nova economia’ num amontoado de empresas ‘virtuais’ [dot.com 1997-1998] falidas nos EUA revelou que o ‘capital fictício’ tornaria irresgatável, solapou Wall Street e pôs em questão o relacionamento entre capital financeiro e produção. Se os gestos em ambientes construídos ou melhorias sociais se revelam produtivos, os valores fictícios são resgatados. As ‘bolhas’ das empresas virtuais: sistema financeiro coordena a dinâmica da acumulação do capital, mas abriga muita atividade improdutiva em que o dinheiro é especulativo com mercados de futuros, com valores monetários e dívidas. Estas crises financeiras no início do século XXI alcançaram o final da primeira década entre 2007 a 2010, após empresas de crédito imobiliário pediram falência nos EUA, o Reino Unido passou a viver a corrida aos bancos com a quebra do Nothern Rock. O Lehman Brothers entra em colapso (2008), por causa de título, ligados ao mercado de hipotecas de alto risco, em 2010 aumentaram as chances de um asegunda recessão, arrastando a economia mundial. Cf.: Godoy (ET AL.) em “O Globo”, setembro de 2010; Antunes e Gianni em “Exame”, setembro de 2008.
[10] O discurso sobre a intervenção humana em relação às mudanças climáticas é definido por João Lima Sant’Anna Neto em “O Brasil, a América Latina e o Mundo”, como um discurso messiânico em busca da ‘salvação do planeta’ ou discurso catastrofista sob uma visão fatalista.
[11] A oposição de duas teses controversas sobre o aquecimento global a partir de um ponto de vista catastrofista ou messiânico e sobre o resfriamento nas próximas décadas de uma minoria científica, os céticos. Cf.: Sant’Anna Neto em “Mudanças Climáticas Globais: um Enredo entre a Tragédia e a Farsa” e José Eli da Veiga em “Aquecimento Global: Frias Contendas Cientíifcas”.
[12] Estado previdenciário que incorporou algumas teses socialistas: direitos sociais de educação, saúde, transporte, moradia, garantias de emprego ao produzir formas mais avançadas de reprodução da força de trabalho e de direitos sociais. Representa o pacto social entre capital e o trabalho, com expressões mais vigorosas nas democracias escandinavas. O New Deal de Roosevelt, os cidadãos podiam aspirar a níveis mínimos de bem-estar social, com forte intervencionismo de economia industrial keynesiano. Cf.: Pablo Gentili.
[13] O esquema de circulação geral de acordo com a concepção de G. Hadley, em 1735, pode ser verificado da seguinte forma: quando o ar aquecido e menos denso sobre o Equador eleva-se r move-se em direção aos pólos, enquanto o ar frio e mais denso desce nos pólos e move-se pela superfície em direção ao Equador, segundo Artur G. Ferreira em “Meteorologia Prática”.
[14] Questiona-se se as indústrias petrolíferas que exploram as camadas do pré-sal no sudeste e sul do Brasil ampliam as ilhas de calor e podem interferir nas áreas de alta pressão nos trópicos e impedir a formação de furacões no continente brasileiro e deixá-los desenvolver no oceano?
[15] A economia brasileira historicamente se organizou após o período da Primeira República, agrário e exportador, e no perídio populista (Getúlio Vargas), urbano-industrial, conforme Guido Mantega em “A Economia Política Brasileira”.
[16] Primeiramente, nos trópicos, os ventos vindos do hemisfério norte encontram-se com os ventos do hemisfério sul. Com essa convergência, várias nuvens convectivas desenvolvem-se. O resultado é uma banda de nebulosidade sobre toda região tropical, quase contínua, com uma largura de até 500 km, conhecida como Zona Convergência Internacional (ZCIT). Em segundo lugar, a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) é conhecida como uma persistente banda de nebulosidade orientada no sentido NW/SE, associada a uma zona de convergência nos níveis baixos da troposfera, que se estende desde o sul da Amazônia ao centro do Atlântico Sul, às vezes por milhares de quilômetros. Essas zonas de convergência estão associadas à grande quantidade de precipitação, principalmente nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste do Barsil.
[17] El Niño é um fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico na costa do Peru e Equador, relacionado a flutuações do padrão de pressão atmosférica. A periodicidade do EL Niño varia de dois a sete anos. Nos anos de El Niño intenso, o padrão de chuvas no hemisfério Sul é alterado, por exemplo, com a intensificação das secas no Nordeste brasileiro, conforme Veiga em “Aquecimento Global: Frias contendas”.
[18] As águas subterrâneas podem ser um exemplo da diferença no consumo urbano e agrícola: a irrigação e a captação de águas subterrâneas se generalizam, tanto para fins agrícolas como de abastecimento urbano-industrial – o uso doméstico, sobretudo urbano, já rivaliza com o uso agrícola com relação à captação de águas subterrâneas – o uso industrial ultrapassa o uso agrícola, 62% contra 38%. De um lado, a urbanização se coloca como um componente importante dessa maior demanda por água: um habitante urbano consome em média três vezes mais água do que um habitante rural. Por outro lado, a agricultura é responsável pelo consumo de 70% da água de superfície no planeta – todo o sistema agrário-agrícola que está implicando no ‘ciclo da água’. Cf.: “A Globalização da Natureza e a Natureza da Globalização”, escrito por Carlos Walter Porto-Gonçalves.
[19] O ciclo hidrológico – o sol fornece a energia que aciona o ciclo hidrológico, evaporando a água dos oceanos e fazendo-a circular na atmosfera. A água evaporada forma as nuvens, é deslocada pelo vento, precipita-se na forma de chuva ou neve. A água precipitada sobre a terra acaba retorna para os oceanos. Parte das precipitações que ocorrem no solo evapora, voltando para a atmosfera, e outra é absorvida pelo solo,as raízes das plantas absorvem parte da água e a eliminam na atmosfera, enquanto o resto é drenado em córregos ou rios ou se junta aos aqüíferos (reservatórios subterrâneos).Celia Coyne definiu, em “Riquezas da Terra”, a hidroenergia costuma ser considerada uma fonte limpa e renovável. As usinas hidrelétricas de grande parte estão longe de serem fontes limpas e renováveis e podem contribui para o aquecimento global da mesma forma que as usinas que utilizam combustíveis fósseis.